Jesus não é um produto...”ele veio para servir”

As reflexões do mês de março nos trás os evangelhos de domingo em sintonia com o lema da Campanha da Fraternidade 2015- “Eu vim para servir”- Mc 10,45. O tema da CF/2015 entre Igreja e Sociedade nos faz pensar na responsabilidade de ser cristão com atitude de responsabilidade com as mudanças sociais que geram vida(EG 183).
Chama a atenção a atitude de Jesus descrita no evangelho do segundo domingo da quaresma João 2,13-15. Provavelmente a comunidade joanina narra uma situação de conflito entre  a missão de Jesus em anunciar a vida que o Deus da vida quer para todos(as) com a sociedade injusta  simbolizada pela cidade de Jerusalém, onde se  concentra todo o poder político, econômico e religioso no Templo.     A cena é forte e nos faz refletir: Jesus chega como todos os judeus ao templo para a Festa da Páscoa; no entanto a Festa da Páscoa concentrada no Templo havia se transformado em puro comércio, lugar de exploração da fé. Jesus pega um chicote e expulsa os vendilhões e derruba suas mesas. Ele está “irado” por ver que o lugar de rituais sagrados  havia sido corrompido.  Por este e outros episódios de confronto foi que os chefes religiosos do templo “procuravam um jeito de prender e depois matar Jesus”( Mc 14,1).
Deste evangelho,  ouvi um padre dizer que “Jesus não é um produto”. Não se pode comercializar a pessoa, o nome de Jesus. Não podemos nós usá-Lo como um produto que satisfaz a nossa fé apenas nas celebrações de fim de semana e esquecer de seguir seus exemplos no dia a dia.  Ou não? Olhando as religiões de hoje vemos com muita tristeza que  Jesus está sendo comercializado a todo instante. Seja através de cultos  delirantes, vendas de santinhos com partes sagradas de Jesus, apelos midiáticos e virtuais...Isto em muitas crenças.  Por que será que o espírito religioso do povo acaba sendo explorado para alguém ganhar dinheiro?E nossa consciência cristã?  Este evangelho mostra que somos discípulos(as) de um subversivo que morre em uma cruz. A cruz para os judeus era motivo escândalo,consideravam  quem morrese nela um maldito de Deus( Dt 21,22). Estamos dispostos a segui-Lo?
Diante da reação dos dirigentes do Templo Jesus faz uma resposta direta: “Destruí este templo e em três dias eu o levantarei” (Jo 2,19). E a comunidade joanina ainda completa: “quem ama e observa a Palavra sagrada se torna morada de Jesus (Jo 14,23)...   É para que as comunidades entendam que a nova imagem de Deus, revelada por Jesus, não está mais no antigo templo de Jerusalém, mas sim no novo Templo que é Jesus.  Agora, é a luz da ressurreição que ajuda a entender as palavras do próprio Jesus. Jesus ressuscitado é o novo Templo, o corpo de Jesus, ou seja, a sua realidade humana. Lá  onde Deus se faz presente no meio da comunidade.   É lá no serviço e no amor ao próximo, na busca pela justiça que Jesus está presente. A CF/2015 nos conclama a participar ativamente dos problemas sociais e políticos para o bem estar das pessoas. Um gesto concreto são as assinaturas em prol da reforma política, um  caminho contra a corrupção que assola a vida política atual e contamina toda a sociedade. Façamos como Jesus: anunciar o Reino de justiça com palavras e atitudes! (Nilva Guimarães)